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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O ANUNCIO QUE UM ANJO NOS FEZ


 Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens


Havia nos arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho nos campos durante as vigílias da noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura. E subitamente ao anjo se juntou uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus e dizia: Glória a Deus no mais alto dos céus e na terra paz aos homens, objetos da benevolência (divina). 
O Evangelho de Lucas 2, 8-14 conta do aparecimento de um anjo aos pastores, enviado por Deus, anunciando a presença de Seu Filho, o Cristo, ungido por Ele, nosso Pai Celestial, com a missão de trazer a todos os homens a Sua paz.

O anúncio que o anjo de Deus fez e o aparecimento das legiões que o acompanhavam, nos permitem refletir um pouco sobre esse momento de sublimidade, que a cada ano vemos repetir-se, sem contudo alterar nossas vidas.
Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens, nos disse o Emissário Celeste, conduzindo os pastores, que guardavam seus rebanhos durante a noite, a buscarem a luz da estrela que ficaria brilhando para sempre em nossos corações.

O Natal de Jesus Cristo, conforme o relato dos evangelistas São Mateus e São Lucas, é rico de fatos extraordinários, mas que facilmente foram visibilizados na arte e que, com imensa criatividade ao longo dos séculos, formam um rico patrimônio da humanidade em pinturas, esculturas, vitrais, música, teatro, cinema... Ao redor do fato central do nascimento de Jesus, os relatos bíblicos nos apresentam: a anunciação a Maria, a visita de Maria a sua prima Isabel, o nascimento de Jesus numa gruta em Belém, a presença da estrela, a adoração dos pastores e dos sábios do oriente, a apresentação de Jesus no Templo, a perseguição de Herodes e a fuga para o Egito...


Mais tarde à tradição cristã, por influências várias, seja de países evangelizados, seja de santos, foram acrescentados elementos que hoje são indispensáveis na comemoração e na decoração da festa de Natal, dando-lhe uma identidade única. Entre esses elementos estão o Papai Noel, a vela, as bolas resplandecentes, o pinheirinho, a troca de presentes e, principalmente, a montagem do presépio e a celebração religiosa do Natal. Deturpados ou não pela sociedade secularizada e dominada pelo mercado, eles constituem o eco do maior evento da história: a encarnação do Filho de Deus, Jesus.
Cabe aos cristãos relembrar continuamente que essa festa e os ingredientes que a identificam nasceram da fé, apontam para a fé, se concretizam em demonstrações de amor, traduzidos em intimidade familiar, solidariedade para com os mais pobres e luta pela vida , vida digna para todos, e luta pela paz.

Natal tem a ver é com Jesus de Nazaré, com a referência histórica do nascimento de Jesus Cristo: afinal é a celebração de seu aniversário! "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16)"

O Natal celebra o aniversário de nascimento do Filho de Deus e, nessa festa, adquire novo sentido o nascimento de qualquer pessoa, a vida de cada um de nós.

Para o seguidor de Jesus Cristo, Natal é muito mais do que memória e comemoração do nascimento do Senhor. Natal é muito mais do que luz de vela e alegria; É o espírito de doce amizade que brilha todo o ano. É consideração e bondade, é a esperança renascida novamente, para paz, para entendimento, e para benevolência dos homens.

Conheça o significados dos símbolos do Natal clicando aqui.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Cai por terra a mais renitente tese dos defensores da liberação da maconha

Cai o último argumento dos maconheiros: droga é mais prejudicial do que álcool e tabaco, sim!




 Um dos lobbies mais organizados, mais influentes e mais aguerridos do Brasil é o dos maconheiros. Não há, já demonstrei aqui — acho que em centenas de textos —, uma só centelha lógica em seus argumentos. Ao contrário: no fim, tudo termina na mais pura irracionalidade. Não repisarei argumentos. O capítulo 3 de “O País dos Petralhas II” chama-se “Das milícias do pensamento” — um dos subcapítulos tem este título “Da milícia da descriminação das drogas”. Como, em certas franjas, o consumo da maconha — e de algumas outras substâncias — se mistura com hábitos próprios dos endinheirados, a descriminação ganhou porta-vozes influentes. Por incrível que pareça, está presente até na eleição do comando da OAB…


Leiam reportagem de Adriana Dias Lopes, que é capa da VEJA desta semana. Cai por terra a mais renitente — embora, em si, seja estúpida, já demonstrei tantas vezes — tese dos defensores da descriminação da maconha: a de que a droga ou é inofensiva ou é menos danosa à saúde do que o tabaco e o álcool, que são drogas legais. Errado! Leiam trecho da reportagem: 
(…)
A razão básica pela qual a maconha agride com agudeza o cérebro tem raízes na evolução da espécie humana. Nem o álcool, nem a nicotina do tabaco; nem a cocaína, a heroína ou o crack; nenhuma outra droga encontra tantos receptores prontos para interagir com ela no cérebro como a cannabix. Ela imita a ação de compostos naturalmente fabricados pelo organismo, os endocanabinoides. Essas substâncias são imprescindíveis na comunicação entre os neurônios, as sinapses. A maconha interfere caoticamente nas sinapses, levando ao comprometimento das funções cerebrais. O mais assustador, dada a fama de inofensiva da maconha, é o fato de que, interrompido seu uso, o dano às sinapses permanece muito mais tempo — em muitos casos, para sempre, sobretudo quando o consumo crônico começa na adolescência. Em contraste, os efeitos diretos do álcool e da cocaína sobre o cérebro se dissipam poucos dias depois de interrompido o consumo.

Com 224 milhões de usuários em todo o mundo, a maconha é a droga ilícita universalmente mais popular. E seu uso vem crescendo — em 2007, a turma do cigarro de seda tinha metade desse tamanho. Cerca de 60% são adolescentes. Quanto mais precoce for o consumo, maior é o risco de comprometimento cerebral. Dos 12 aos 23 anos, o cérebro está em pleno desenvolvimento. Em um processo conhecido como poda neural, o organismo faz uma triagem das conexões que devem ser eliminadas e das que devem ser mantidas para o resto da vida. A ação da maconha nessa fase de reformulação cerebral é caótica. Sinapses que deveriam se fortalecer tornam-se débeis. As que deveriam desaparecer ganham força”.
(…)
Leiam a íntegra da reportagem especial na edição impressa da revista e depois cotejem com tudo o que anda dizendo a turma da descriminação, cujo lobby é tão forte que ganhou até propaganda gratuita na TV aberta, o que é um despropósito.

Para encerrar este post, vejam alguns dados cientificamente colhidos sobre os consumidores regulares de maconha:
– têm duas vezes mais risco de sofrer de depressão;
– têm duas vezes mais risco de desenvolver distúrbio bipolar;
– é 3,5 vezes maior a incidência de esquizofrenia;
– o risco de transtornos de ansiedade é cinco vezes maior;
– 60% dos usuários têm dificuldades com a memória recente;
– 40% têm dificuldades de ler um texto longo;
– 40% não conseguem planejar atividades de maneira eficiente e rápida;
– têm oito pontos a menos nos testes de QI;
– 35% ocupam cargos abaixo de sua capacidade.


Por Reinaldo Azevedo
Fonte: Blog Reinaldo Azevedo "Análises políticas em um dos blogs mais acessados do Brasil"

 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Foto de Rafael Nunes suscitou comoções no Facebook

Mendigo de Curitiba: Vício em crack traz prejuízos à sociabilidade


Especialista explica como uso prolongado faz dependente abandonar atividades cotidianas e pessoas em função da droga




A situação que fez o ex-modelo Rafael Nunes se tornar morador de rua em Curitiba por causa do vício em crack tem relação direta com os efeitos acarretados pelo uso prolongado da droga. Nos últimos dias, Nunes se tornou conhecido na internet por ter uma foto como mendigo
na capital paranaense postada no Facebook, suscitando uma série de comentários e comoções.

[Foto de Rafael Nunes suscitou comoções no Facebook]
Mendigo com pinta de modelo fica famoso nas redes sociais

Segundo compartilhou a irmã Rubiana Nunes no Facebook, a condição quase miserável na qual se encontra o ex-modelo foi causada por sua dependência química. Um quadro típico de vício que traz consigo prejuízos à inteligência e à sociabilidade do usuário, explica ao R7 o psiquiatra Fernando Tomita, do Hospital Santa Edwiges, em Campinas:

— Uma das características da dependência é você abrir mão das outras coisas para usar a droga. Você deixa de fazer outras atividades cotidianas para buscar e usar a substância. Começa a deslocar atividades, como trabalho e família, para se drogar. Usar a droga passa a ser mais importante do que qualquer outra coisa da vida.

O especialista lembra, no entanto, que nem todo mundo que é dependente de crack ou cocaína acaba vivendo nas ruas. Além disso, o portal do programa do governo federal Crack, é Possível Vencer explica que a droga foi inicialmente considerada “de rua”, mas hoje a realidade é outra. Se antes moradores de rua recorriam ao crack, por ser barato e inibir a fome, como medida paliativa, hoje ele se espalhou e atinge todas as camadas sociais.

Programa

Em parceria com Estados e municípios, o governo federal mantém o programa em três eixos: prevenção, cuidado e segurança. No total, estão previstos R$ 4 bilhões em recursos federais até 2014 investidos em ações que visam orientar a população, capacitar profissionais, ampliar atendimento aos usuários, além do combate ao tráfico de drogas.

Nova legislação facilitará internação de usuários de crack

Em julho, o governo do Estado do Paraná e a prefeitura de Curitiba aderiram ao programa de combate ao crack, com o intuito de aumentar a oferta de tratamento e atenção aos usuários. A previsão é que R$ 102,2 milhões sejam investidos no Estado até 2014. O objetivo é criar em dois anos mais de 828 leitos para atender usuários de drogas, construir 10 CAPSs (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) 24 horas e 10 novas unidades de acolhimento.

O crack provém da cocaína. Os cristais utilizados em cachimbos são obtidos da mistura do pó com água e bicarbonato. Mais barata que a cocaína, o crack causa maior dependência e seu efeito tem duração de 5 a 10 minutos, enquanto o da droga em pó que é inalada pode chegar a 45 minutos.

— O problema do crack é que ele vai para o cérebro muito mais rápido, tem efeito mais intenso e menos duradouro. Por isso provoca mais dependência, o que aumenta as chances problemas sociais em que as funções cotidianas são deixadas de lado em função do uso.

Pesquisa divulgada no mês passado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) mostrou que o País tem 2,6 milhões de usuários de crack e cocaína, sendo 1,3 milhão dependente. Deste total, 78% consomem a droga em pó, cheirando-a, 22% cheiram e fumam (em forma de crack ou oxi) e 5% consomem apenas através de cachimbos.

O uso vem se disseminando no Brasil. De todas as prefeituras do País, 98% disseram ter tido contato com o crack. Em relação às principais causas de mortes entre os usuários, 57% são vítimas de homicídio, 26% morrem por Aids, 9% por overdose, 4% por hepatite e 4% por afogamento.


Fonte: R7


sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Cerimônia de posse dos novos membros do Coned

Justiça empossa novos membros do Conselho sobre Drogas


Secretária Eloisa Arruda discursa durante posse dos novos membros do Coned. Secretária Eloisa Arruda discursa durante posse dos novos membros do Coned.

O auditório da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania foi palco da cerimônia que marcou a posse dos novos membros do Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas (Coned), na manhã dessa quinta-feira (4). As 80 pessoas indicadas ocuparão o cargo durante um mandato de dois anos.

“Os municípios passam hoje por grandes dificuldades no enfrentamento ao abuso do álcool e outras drogas, principalmente o crack”, disse a secretária da Justiça, Eloisa Arruda. “O Coned tem também o papel de estimular a criação dos Conselhos Municipais de Políticas sobre Drogas para que juntos possam pensar em soluções para o problema".

Segundo o novo presidente do Coned, o médico psiquiatra João Maria Corrêa Filho, 117 municípios do Estado de São Paulo já possuem conselhos municipais de enfrentamento as drogas. “Hoje o problema atinge todas as classes sociais e gêneros, apesar de todas as medidas de combate ao problema”, disse. Desde os anos 80, quando o conselho foi criado, até hoje, houve uma escalada da presença das drogas em todo o Brasil.

Para o presidente, a aproximação com as comunidades terapêuticas e o incentivo a realização de pesquisas científicas na área das drogas deverão ser temas de destaque durante sua gestão.

Conselheira durante assinatura de posse.11 Conselheiro durante assinatura de posse.

O livro de posse foi assinado pelo novo presidente, por seu vice, Danilo Miyazaki, e pela secretária Eloisa Arruda, em um ato simbólico representando todos os conselheiros. Logo após a cerimônia, todos registraram sua assinatura de posse.

Criando em 1986, o Coned tem como objetivo contribuir para a elaboração da política estadual sobre drogas, estimular programas de prevenção, tratamento e de repressão ao tráfico. Cabe ao conselho, ainda, encaminhar a Secretaria da Justiça um documento anual com propostas de trabalhos para o enfrentamento das drogas, para posterior avaliação do governador do Estado



Fonte: Portal do Governo do Estado de São Paulo

 

domingo, 30 de setembro de 2012

Pastoral da Sobriedade visita Radio Menina

Encerramento do Mês da Bíblia

 

 Hoje, encerra-se o mês dedicado à Bíblia. O livro mais importante da fé cristã é repleto de belíssimas histórias e serve de base para toda a doutrina da Igreja. Não só no mês de setembro, que o Livro Sagrado deve ser a prioridade na família, na catequese e nos círculos de oração. Não podemos esquecer que a Bíblia não é um livro e, sim, uma coleção de livros; a Bíblia católica possui 74 livros.
 O grande São Jerônimo, presbítero e doutor, cuja memória celebramos no final do mês de setembro, dia 30, nos motivou realizando a tradução da Vulgata; e sua frase é emblemática: “Desconhecer as Escrituras é desconhecer o Cristo”.

Esta tradição de comemora-se o mês da Bíblia, inicio-se, no Concílio Vaticano II, por uma convocação do Papa João XXIII, que o livro sagrado começou a ocupar espaço privilegiado nas famílias, nos círculos bíblicos, nos grupos de reflexão e nas comunidades eclesiais.
 A celebração no Brasil surgiu por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) e, logo em seguida, a proposta foi alcançada e aceita por toda a Igreja no Brasil.

O verdadeiro cristão se dedica ao estudo e à vivência da Palavra de Deus, que é luz para nossa vida e alimento para nossa missão: “Não só de pão vive o homem, mas de toda Palavra que procede da boca de Deus” (Mateus 4,4).
 As Sagradas Escrituras são um conjunto de livros sagrados para os cristãos, os quais narram a história do povo de Deus e destaca a aliança e plano de salvação de Deus para com a humanidade.

 A Bíblia é o Testamento de Amor, a Carta de Amor que Deus Pai deixou para toda a humanidade. É nela que nós vamos encontrar os desejos e as intenções de Deus para conosco. É nela que podemos encontrar as recomendações e os tesouros que Deus tem para nos oferecer. Se nós não abrirmos a ela e não lermos esta “Carta de Amor”, não ficaremos sabendo da amizade íntima que Deus quer ter conosco "desde o nascer ao pôr-do-sol".

Pedindo sempre a luz do Espírito Santo e vencendo toda e qualquer preguiça, busquemos ler com fé o Livro Sagrado. E a cada letra, a cada palavra, vamos perceber e ouvir a Voz de Deus que fala ao nosso coração. Nenhuma pessoa consegue sobreviver sem "arroz e feijão", ou seja, sem alimento. Da mesma forma que nenhum seguidor do Senhor consegue viver sem o Alimento da Palavra. Quanto mais intimidades tiverem com ela, tanto mais intimidades terão com o próprio Senhor. E aí veremos as graças acontecerem como verdadeiros rios de Água Viva, porque a Bíblia é o grande, único e verdadeiro Testamento de Amor.

 
"A Bíblia serve para que as pessoas creiam em Cristo (cf. João 20, 30 – 31), para ajudar os cristãos a caminhar (cf. Salmo 118(119), 105), para nossa instrução (cf. ICoríntios 10, 11) e para ajudar-nos a instruir, refutar, corrigir e educar na justiça (II Timóteo 3, 16)" (Fonte: Comunidade Católica Shalom).




Cuso de mecanica



 Formatura Cuso de Mecanica

Moto 4 temopo - 4 cilindros



















No dia 28 de setembro foi realizado o almoço de confraternização do final do curso de mecânica de motos realizado pela secretaria do bem estar social.



 "Um bom médico salva vidas, uma boa cozinheira é capaz de nos dar prazeres maiores do que a média da poesia, vendedor de verdade pode nos fazer comprar coisas que nunca sonhamos ter e um mecânico lida com complicações inimagináveis para o comum dos mortais."
Nelson Ascher



O almoço realizado nas dependências do CRAS II contou com a presença do técnico mecânico Marco Antonio que ministrou o curso, que foi realizado nas dependências da MAX Motos, revenda IROS de Olímpia.
 



 
(linck corrigido)

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Reality show 'Intervenção', com dependentes de drogas, é criticado por psiquiatra

Reality show 'Intervenção', com dependentes de drogas, é criticado por psiquiatra

Os dependentes brasileiros de drogas ganharam seu próprio reality show.

 

Reality mostra o drama de pessoas reais
Estreia na quarta, no canal A&E, a série "Intervenção", a versão brasileira de um formato americano.
Controverso, o programa retrata a rotina de um viciado em drogas que desconhece que está num reality show --pensa que participa de um documentário.
Depois de ter todo o drama filmado, ele recebe a oferta de tratamento. Um médico (interventor) propõe internação em uma clínica. O dependente escolhe em frente às câmeras se quer ou não.
Os familiares, antes dele, conversam com o médico, que orienta como devem se comportar na hora do ultimato.
Psiquiatras da área de dependência química criticam a série. "Vi a versão americana e achei um 'Big Brother' horroroso. Lá muitos são famosos e isso atrai audiência", afirma André Malbergier, professor da USP e coordenador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas.


QUASE FILME?

Krishna Mahon, produtora-executiva de programação e conteúdo do A&E, explica que o formato nos Estados Unidos é chamado de "docu-reality", ou seja, uma mistura de documentário com reality show.

Vanessa, que participa do primeiro episódio do reality "Intervenção", do A&E
"É uma linha muito tênue que separa uma coisa da outra", ela defende.
Para Ana Cecília Marques, psiquiatra da Abead (Associação Brasileira do Estudo do Álcool e Outras Drogas), expor o dependente químico piora o estigma da doença. 
Ela diz que o programa mostra um único perfil de paciente (o que chegou ao fundo do poço) e um só modelo de tratamento (a internação).

 "Tenho um monte de pacientes que usam crack e que se tratam no consultório. A internação é para uma minoria e deve ser decidida sempre em conjunto com uma equipe multidisciplinar."

Malbergier também questiona se haverá benefício ao paciente. "Os dependentes vão melhorar ou é para os voyeurs sádicos interessados em ver sofrimento humano?"

Outro ponto criticado pelos especialistas são os altos índices de recuperação dos dependentes divulgados pelo programa, "mais de 70%".

"Se alguém no mundo inventar um tratamento de dependência que recupere 70% dos pacientes, merecerá o Prêmio Nobel", diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, que coordena a Uniad (Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade de Medicina) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
O psiquiatra Fábio Damasceno, o "interventor" do programa, acha a crítica boa. "Essa porcentagem deve ser apenas sobre os que completaram o processo terapêutico, não a população."
Ele admite que o programa pode ser chocante ou ter um apelo estético sensacionalista. "Mas há milhares de pessoas com problemas semelhantes que não têm representação social", afirma.
Segundo Reinaldo Ayer, professor de bioética e membro do Conselho Regional de Medicina (Cremesp), os médicos que participam do programa também podem ser processados por infração ética por quebra de sigilo.

"É muito grave. O paciente não pode ser enganado. O médico também não pode fazer a revelação pública de um determinado tratamento que o paciente vai receber."

Fonte: Elizangela Roxo/ Folha de São Paulo


domingo, 2 de setembro de 2012

Uso de drogas pesadas começa pelo álcool

 Uso de drogas pesadas começa pelo álcool


Estudo americano mostra que jovens que consomem bebidas alcoólicas têm 16 vezes mais chances de utilizar outras substâncias tóxicas



  Novos argumentos trazidos por duas pesquisas
(uma brasileira e outra norte-americana) devem reacender a discussão sobre a venda e o consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos. Estudo da Universidade da Flórida mostra que o álcool, e não a maconha ou o cigarro, é a primeira droga experimentada pelos jovens. E um dos fatores que levam a essa experimentação precoce é revelado por pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), segundo a qual, em ao menos 70% das vezes em que um menor de 18 anos tenta comprar bebida alcoólica, ele é bem-sucedido.

De acordo com o estudo feito pelo professor Adam Barry, pesquisador da Escola de Saúde e Performance Humana da Universidade da Flórida, o álcool também é a substância mais usada pelos adolescentes, com 72,2% afirmando que já o consumiram pelo menos uma vez na vida. Entre os entrevistados, 45% relataram fumar, e 43,3% disseram usar maconha. O autor analisou 14.577 questionários preenchidos por jovens do ensino médio de 120 escolas públicas e privadas dos Estados Unidos. Eles responderam se já haviam usado pelo menos uma de 11 substâncias, dentre elas, álcool e tabaco, assim como drogas ilícitas, como maconha, cocaína, heroína, LSD, anfetaminas, tranquilizantes e outros narcóticos.

Consequências

Álcool afeta mecanismo cerebral de tomada de decisões

Quanto mais cedo uma criança passa a ingerir álcool, maior é o prejuízo para o seu desenvolvimento cerebral e cognitivo, pois a substância afeta a área relacionada à tomada de decisões. “A ciência tem nos mostrado que o amadurecimento cerebral, especialmente das áreas frontais e pré-frontais, custa mais. E são essas áreas as responsáveis pelo bom senso. Um jovem exposto precocemente ao álcool muda o seu mecanismo de tomada de decisão”, explica o psiquiatra Carlos Salgado.
De acordo com o médico, quem começa a beber na infância ou na adolescência torna-se uma pessoa que toma decisões pouco pensadas, além de ter o desenvolvimento psicológico retardado, algo fundamental para a inserção dos indivíduos em sociedade.
O professor de Psiquiatria Dagoberto Hungria Requião explica que o cérebro vai se desenvolvendo até chegar à maturidade, por volta dos 25 anos de idade. “O álcool vai ao cérebro e é obvio que vai criar dificuldades nessa formação. Fico angustiado ao ver crianças de 12 e 13 anos bebendo. Continuando assim, vão se tornar adultos muito doentes.” (KMM)



Esses dados comprovam, na opinião do pesquisador, que drogas lícitas e aceitáveis socialmente, como o álcool e o tabaco, são as primeiras substâncias tóxicas a serem consumidas pelos jovens. A partir daí, eles passam para a maconha e depois para as drogas ilegais mais pesadas.

Mais do que isso, o levantamento revela que os estudantes que usaram álcool demonstraram ter uma probabilidade até 16 vezes maior de uso de outras drogas. “Existe muita informação errada em relação às drogas em geral; inconscientemente passa-se a mensagem de que o álcool não é droga. O que acontece é que o lobby do cigarro e o da bebida são muito fortes. Por isso se passa uma má impressão de que realmente o grande problema é a maconha, quando na realidade não é”, explica o professor de Psiquiatria Dagoberto Hungria Requião, do curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Influência

Há vários fatores que incentivam o consumo de álcool por adolescentes, segundo artigo dos pesquisadores Sérgio Duailibi e Ronaldo Laranjeira, do Instituto Nacional para Políticas Públicas do Álcool e Drogas do Departamento de Psiquiatria da Unifesp. Entre eles, a propaganda direcionada a esse público, a disponibilidade da bebida em locais de fácil acesso, como postos de gasolina, e promoções do tipo open bar (com bebida liberada a partir do pagamento de entrada).

No caso do álcool e do cigarro, que são substâncias legalizadas, mesmo havendo leis que proíbam a comercialização a menores de 18 anos, os adolescentes acabam tendo acesso a ambos. Além disso, o preço é baixo: com R$ 5, é possível comprar uma caixa de cigarros e uma dose de cachaça em um bar de rua de Curitiba.

Outro fator que contribui para o consumo é a aceitação dentro de casa. “Festa de 1 ano de criança tem bebida? Tem, a pretexto de servir aos pais. É nesse tipo de festa que ocorrem os primeiros usos, sob o olhar complacente ou sob a ignorância dos pais”, diz o psiquiatra Carlos Salgado, conselheiro da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead).

Os pais têm papel fundamental para evitar que o consumo da substância se inicie precocemente. “A resposta começa com a fiscalização primordial dentro de casa”, diz o psiquiatra Carlos Salgado, da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead).

 Fonte: Kamila Mendes Martins/Gazeta do Povo


 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Entrevista com Marcelo Lemos Dornelles


Entrevista com Marcelo Lemos Dornelles 

(24/07/2012)


 Marcelo Lemos Dornelles, Subprocurador-Geral de Justiça do MP/RS e Presidente do Instituto Crack Nem Pensar,  concedeu entrevista para o boletim da Abead e avalia a atual situação das drogas no Brasil. Confira na íntegra:

  


Como você avalia a situação do consumo de drogas no país? E na região onde vocês atuam especificamente?

O consumo de drogas lícitas e ilícitas vem aumentando em todo o país e também na região sul. Após mobilização social e de autoridades conseguimos aumentar o número de apreensões de drogas e aumentaram muito as prisões por tráfico, reduzindo a oferta de drogas. Aumentaram o número de leitos psiquiátricos para atendimento e internação. Agora estamos focados em melhorar a prevenção.

O que tem achado das ações criadas pelo Governo para combater essas substâncias, especialmente o Crack?

O plano do governo federal teoricamente é muito bom! Pela primeira vez há uma boa compreensão do problema, que é multidisciplinar, que não pode ser abordado de forma preconceituosa e nem conservadora. Por outro lado, ele envolve os Estados, Municípios e especialmente a sociedade. Sem esse envolvimento nenhum plano vai dar certo. Há previsão de grandes recursos financeiros para sua execução. O único problema que vejo é ele não ser executado, assim como outros que ficaram no papel. O problema é de execução. Se isso ocorrer, a situação tende a melhorar bastante.

Uma variante mais perigosa do Crack, o Oxi, tem ganhado destaque na imprensa nos últimos tempos por conta de sua rápida chegada e disseminação no Brasil. Porque ele alcançou uma enorme quantidade de usuários com tanta facilidade?

O Oxi vem entrando no Brasil e depois vai vir outra droga. O foco tem que ser o mesmo, independente da droga do momento. A diferença é a dependência que é mais rápida com essas drogas. O tripé redução da oferta, atendimento de saúde e prevenção tem que ser intensificado. Cada novo dependente cria um custo social muito grande. É muito difícil reinseri-lo na sociedade. Essas drogas deixam sequelas muitas vezes irreversíveis. Elas se propagam inicialmente nas pessoas que estão alheias a programas sociais, que estão nas ruas. A população de rua deve ser atendida de forma prioritária, são vulneráveis.

Quais as ações que o instituto tem feito para ajudar no combate às drogas?

Nosso foco prioritário é a prevenção e o debate técnico do tema. A repressão e as políticas públicas de saúde e de segurança são dever do poder público. Nós cobramos providências, mas focamos na prevenção. Queremos dialogar com o público jovem, de forma direta, clara, sem mentiras e exageros. Nossa proposta é falar antes, dar informações qualificadas e seguras antes que "outros" o façam. Esses outros são os colegas, vizinhos, que vão iniciar os outros jovens no uso de drogas.
Estamos desenvolvendo parceria com a Secretária de Justiça e Direitos Humanos do Estado para diversas atividades, como: teatro juvenil, festival de música, gincana digital, revista infantil, concurso de monografia sobre o tema, concurso de redação, tudo buscando uma linguagem que aproxime a comunicação com esse público.

Na sua visão, a internação compulsória é uma boa alternativa?

Em alguns casos é imprescindível, mas deve ter recomendação médica. O dependente de crack muitas vezes entra em surto e a própria abstinência pode levar a isso. Ele precisa ser medicado no início e, por vezes, a internação é indispensável. Deve ser criteriosa, por um prazo em torno de 15 a 30 dias, conforme o caso, e depois deve haver acompanhamento muito próximo da família e dos profissionais de saúde. As recaídas são muito frequentes.

A expectativa para os próximos anos é que o numero de dependentes químicos continue crescendo, ou há alguma previsão de queda nesse índice?

Com um bom programa de prevenção, envolvendo muito a sociedade, as escolas, as grandes mídias e as mídias sociais, podemos diminuir o consumo e por consequência o número de dependentes. Hoje já há uma melhor preparação para atender os dependentes. Minha preocupação principal são os debates sobre a liberação da maconha no Brasil e no Uruguai. A visão de alguns juristas, que é limitada a questão da liberdade e da punição, não percebe que as drogas lícitas, como álcool e cigarro, e depois a maconha, são porta de entrada para todas as outras drogas mais pesadas. Da mesma forma, não sabem que as drogas em que há abuso são as lícitas e que aumentando a oferta, aumentará o número de usuários e de dependentes. Essa discussão não ajuda nada na prevenção. O Brasil não tem nenhuma tradição em respeitar o direito administrativo, como exemplo as questões de trânsito e de improbidade administrativa. Aqui confunde-se o proibido com o crime. Se não é crime, é permitido.


Fonte: ABEAD - Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas



Amor é enigma!


Amor é enigma!


Optar é renunciar. Entregar-se, por exemplo, a um amor é abandonar outros. E, do que se renuncia e abandona, pode provir, depois arrependimento. Afastar-se de um amor, ainda que, opção feita por lúcidas razões, pode gerar, adiante, a frustração pelo que se deixou de viver.

Os casos de amor vivem rondados por frustração ou arrependimento. Não o amor, que é íntegro, irrefutável, cristalino e indubitável: mas os amantes seus portadores. Quase sempre o tamanho do amor é maior que o dos amantes.

O que cerca as pessoas que se amam é sempre uma teia de limitações que o leva à disjuntiva: frustração ou arrependimento. Ou quem ama se entrega ao sentimento e se atira nos braços do outro para, depois, se arrepender do que abandonou para entregar-se ao amor, ou se afasta, cheio de lucidez, para, adiante, sentir frustração pelo que deixou de viver.

Estes estão na categoria assim definida de modo cruel mas lúcido por Goethe: "no amor, ganha quem foge...Ou como disse o grande Orizon Carneiro Muniz: "no amor, é mais forte quem cede".

Na juventude tudo isso fica confuso porque esta é uma etapa da vida envolta em uma névoa amorosa que a torna radical na busca da felicidade.

O jovem ainda não se defrontou com as terríveis e dilacerantes divisões internas de que é feita a tarefa de viver e amar, aceitando as próprias limitações, confusões, os caminhos paralelos e contraditórios das escolhas, dentro de um todo que, para se harmonizar, precisa viver as divisões, os sofrimentos e os açoites das mentiras e enganos que conduzem as nossas verdades mais profundas.

Séculos de repressão do corpo e de identificação do prazer com o pecado ou o proibido fizeram uma espécie de cárie na alma.

É um buraco, um vazio, uma impossibilidade viver o que se quer, uma certeza antecipada de que o amor verdadeiro gera ou arrependimento ou frustração.

Viver implica, pois, aceitar essa dolorosa e desafiante tarefa: a de enfrentar o amor como a maior das maravilhas e que se nos apresenta sob a forma de enigma.

Tudo o que se move dentro do amor está carregado de enigmas. E com o enigma dá-se o seguinte: enfrentá-lo não é resolvê-lo. Mas quando não se o enfrenta, ele (enigma) nos devora.

Enfrentar o enigma mesmo sem o deslindar, é aquecer e encantar a vida, é aprender a viver; é amadurecer. Exige trabalho interior penoso, grandeza, equilíbrio e auto-conhecimento.

O contrário não é viver: é durar.

 Artur da Távola


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Entrevista: Ronaldo Laranjeira

Um dos principais especialistas em dependência química no Brasil fala ao Infosurhoy.com sobre como combater as drogas no país.
Por Cristine Pires para Infosurhoy.com – 20/07/2012

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“O Brasil precisa enfrentar esta enorme rede de distribuição que, combinada com o preço baixo da cocaína e do crack, fruto do fato de termos vizinhos produtores, alimenta a pandemia [de drogas]”, diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira. (Guilherme Gomes para Infosurhoy.com)
 

PORTO ALEGRE, Brasil – Para vencer a luta contra as drogas, o Brasil tem investido bilhões de reais em iniciativas para prevenção e tratamento aos dependentes químicos no país.

O foco central é o crack, considerado por autoridades e especialistas um grave problema de segurança e de saúde pública.

Entre as medidas adotadas pelo governo brasileiro está o Plano Nacional de Combate ao Crack, lançado em 2011 e que prevê investimentos de cerca de R$ 4 bilhões em ações de enfrentamento ao crack até 2014.

A meta é que os recursos sejam aplicados em prevenção, tratamento e repressão ao crime organizado.

Para o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, um dos fundadores da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD), é preciso atualizar as políticas públicas nacionais voltadas ao tratamento e prevenção do uso de crack e outras drogas.

Em funcionamento desde 1994, a UNIAD é um centro de excelência em ensino, pesquisa, prevenção e tratamento do uso indevido de álcool, tabaco e outras drogas.







“O primeiro passo é criar uma gestão diplomática entre os países vizinhos para reduzir a produção de drogas”, afirma Laranjeira, que também é professor titular do Departamento de Psiquiatria da Unifesp, diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas (INPAD) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).


Considerado um dos principais especialistas em dependência química do Brasil, Laranjeira falou com exclusividade ao Inforsuhoy.com sobre a importância de envolver todo o país na luta contra a pandemia de crack.

Infosurhoy
: Qual a sua avaliação sobre o Plano Nacional de Combate ao Crack?

Laranjeira
: Na verdade, o Brasil ainda não se deu conta da gravidade da situação. Tanto que não temos uma gestão diplomática no sentido de diminuir a produção de drogas nos países vizinhos. O Brasil faz fronteira com os maiores produtores de cocaína: Bolívia, Peru e Colômbia. Cerca de 80% da cocaína consumida no país vem da Bolívia, onde a produção continua crescendo. Reduzir a produção nesses países é fundamental..

Infosurhoy: O caminho de entrada da droga no país é praticamente o mesmo ao longo da última década. Por que então o problema se agravou?

Laranjeira: Nos últimos 10 anos, o Brasil registrou um aumento estrondoso no número de pontos de vendas de drogas. Há uma década, o fenômeno estava restrito às grandes cidades. Hoje, verificamos isso de norte a sul, leste a oeste. Todos os municípios brasileiros estão infestados com pontos de tráfico. O Brasil precisa enfrentar esta enorme rede de distribuição que, combinada com o preço baixo da cocaína e do crack, fruto do fato de termos vizinhos produtores, alimenta a pandemia que temos. Se não fizermos uma política rigorosa de conter importação e a rede distribuição, os problemas vão continuar.

Infosurhoy: Mas o sistema de tratamento é eficaz?

Laranjeira: Não adianta ter apenas um sistema de tratamento para diminuir o consumo de crack. Não podemos contar com um monte de boas intenções genéricas. Desde que o governo federal anunciou o plano, em 2010, até agora, pouca coisa mudou. Muitos estados ainda não receberam as verbas prometidas. É preciso levar em conta o aspecto macro do problema: produção, distribuição e baixo preço.

Infosurhoy: Qual sua sugestão então?

Laranjeira : O Brasil tem que definir estratégias para lidar com esses problemas. Os consultórios de rua também não apresentaram eficácia. Quantas pessoas foram tiradas da rua por essa sistemática? Não se tem um número nem mesmo uma avaliação da efetividade dos consultórios de rua. Outro ponto que precisa ser revisto é o fato de o governo defender que as internações dos dependentes químicos sejam feitas em hospitais gerais. Acho isso um absurdo. A maioria dos hospitais não vai querer receber um usuário de crack, e leitos isolados também não vão adiantar. Precisamos ter hospitais especializados.

Infosurhoy: E como trabalhar na prevenção?

Laranjeira: O Brasil teria que criar uma rede de prevenção mais efetiva, com um programa que ainda não temos, voltado principalmente aos grupos de risco. E, quanto a grupos de risco, me refiro a adolescentes que abandonam escola, vão mal nos estudos ou começaram a experimentar drogas. A maioria dos usuários de drogas, cerca de 90%, começa a experimentar na adolescência.

Infosurhoy: A estratégia da redução de danos é uma alternativa?

Laranjeira: A redução de danos consiste em oferecer uma outra droga, teoricamente menos prejudicial, com o objetivo de evitar a abstinência. Alguns países que adotaram esse sistema abandonaram a metodologia nos últimos dois anos. Na Inglaterra, por exemplo, eles descobriram que a eficácia da redução de danos foi de apenas 4%. Quando eles viram que investiram milhões e tinha dado um retorno tão baixo para sociedade, abandonaram o conceito e agora a abstinência é o foco do tratamento. Então, no caso do crack, sou desfavorável à proposta do Ministério da Saúde de fazer tratamento baseado em redução de danos como única alternativa.

Infosurhoy: Qual a alternativa então?

Laranjeira: Nas casas assistidas, programa em São Paulo, os dependentes químicos não podem usar drogas. Além da moradia, eles têm direito a todo o tratamento, mas para ter direito a tudo isso é preciso que fiquem abstinentes. Se em uma casa dessas há 10 usuários e um deles usa a droga, é mais provável que aquele que recaiu leve os outros 9 com ele. Isso mostra o drama que é o uso do crack.

Infosurhoy: Mas então é possível recuperar usuários?

Laranjeira : Certamente. O Ministério da Saúde precisa oferecer uma estrutura de tratamento via clínicas de internação. O Sistema Único de Saúde (SUS) não tem esse nível assistencial. Por enquanto, só quem tem dinheiro procura uma clínica de qualidade. O Ministério da Saúde precisa ter a visão do que realmente funciona no sistema de tratamento e abandonar técnicas ultrapassadas. Além da falta de experiência conceitual, a burocracia impede o dinheiro do programa de chegar aos locais que necessitam dessas verbas.