Musicoterapia na dependência química
A dependência química provoca alguns prejuízos que podem envolver a cognição, percepção, memória, atenção, relações pessoais e profissionais, além de prejuízos físicos e emocionais. A Musicoterapia pode auxiliar de diversas formas, restabelecendo o equilíbrio emocional, o convívio social, a identidade e melhorando a qualidade de vida.
A Musicoterapia na Dependência Química visa alcançar objetivos terapêuticos como: estimular a memória e a atenção; promover a organização, autonomia e sociabilização; promover a autoexpressão; proporcionar momentos de prazer e descontração; aumentar a consciência de si mesmo e substituir o interesse nas drogas.
Composição, improvisação, dinâmicas com movimento, canções tanto sugeridas pelo paciente quanto pelo musicoterapeuta, canções onde o paciente pode se expressar através da estrutura musical, da escolha de sentimentos, de gestos, de ideias ou através dos instrumentos musicais; recordar canções através de palavras ou desenhos propostos; jogos musicais, entre outras atividades, visam desenvolver o cognitivo, a organização, expressão, autonomia, interação e descontração.
A música traz pensamentos, memórias e sentimentos, podendo ser utilizada para evocá-los e para modificar o estado de humor, aumentando a expressão emocional e a consciência dos sentimentos do paciente. Todos têm um repertório de canções que lhe foram significativas e marcaram momentos importantes da vida. Através dessas canções, podem-se resgatar sentimentos e lembranças passadas, ajudando a prover sentido na vida ao relembrar desses fatos, ideais e realizações.
Canções também podem trabalhar desejos futuros e motivar, reforçando a identidade, fazendo a pessoa se sentir aceita e compreendida no momento em que alguém escuta a música que ela traz. Por isso é muito importante o musicoterapeuta perguntar por músicas que o paciente gostaria de trabalhar e que instrumentos gostaria de tocar.
A música desenvolve a capacidade de atenção e concentração pela sua variedade de estímulo. Tem o efeito de acalmar e diminuir a ansiedade, e é capaz de distrair, ao mesmo tempo em que foca em comportamentos mais saudáveis. Tocar e compor música trabalha com comportamentos que acompanham a pessoa nos outros aspectos da vida. O terapeuta encoraja comportamentos mais saudáveis e adaptativos e impõe limites para os contrários.
O ritmo é organizador, além de gerar energia. Sendo o ritmo uma organização espaço temporal, e levando em conta o fato de nossas vidas também serem uma organização (início, meio e fim), assim como todas as nossas vivências, experiências e acontecimentos, e a regularidade do nosso corpo através da respiração e da batida do coração, o ritmo pode auxiliar a organizar a vida das pessoas. Dificuldades emocionais levam a uma desorganização intra e interpessoal que aparecem no fazer musical. Trabalhando o ritmo, trabalha-se a organização.
Os textos de canções podem ser trabalhados a fim de aumentar a consciência de si, dos outros, dos relacionamentos, do mundo que o cerca. Se mover de acordo com a música e outras atividades motoras auxilia na expressão pessoal e consciência de si mesmo.
Jogos musicais, improvisação musical, composição, tocar instrumentos pode provocar êxito, e aumentar a autoestima através da autorrealização. A música é capaz de aumentar a participação das pessoas com dependência química e facilitar a interação, pois proporciona interesse pelas atividades, pelos instrumentos musicais e gera prazer. Além disso, pode aparecer como uma substituição para o uso de drogas, pois pode despertar um interesse em outro meio que não a droga e envolvimento em substituí-las, já que no cérebro, provoca o mesmo efeito que as drogas.
Em um trabalho transdisciplinar, a Musicoterapia pode fazer surgir conteúdos importantíssimos que podem ser trabalhados com a equipe de apoio psicológico.
No geral, tanto crianças, adolescentes, quanto adultos demonstram interesse pela música, e se expressam através dela, seja cantando, tocando os instrumentos, realizando escolhas ou propondo atividades, auxiliando assim a se engajar e a facilitar o tratamento da dependência.
Luciana Steffen – lucianamt@espacodomquixote.com.br
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